Introdução

Deus é nosso Criador, Redentor, Sustentador e Proprietário. O salmista Davi nos lembra que “Ao Senhor pertence a terra e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam.” (Sl 24:1). Somos dependentes de Deus, e Ele é quem supre todas as nossas necessidades. Como mordomos de tudo o que Ele nos deu, expressamos nosso louvor e gratidão a Deus colocando-O em primeiro lugar em tudo o que fazemos e temos. “Reconhecemos o direito de propriedade da parte de Deus por meio de fiel serviço a Ele e aos seres humanos, e devolvendo o dízimo e dando ofertas para a proclamação de seu evangelho e para a manutenção e o crescimento de sua igreja”.1

“Em reconhecimento do plano bíblico e do solene privilégio e responsabilidade que recaem sobre os membros da igreja como filhos de Deus e membros do seu corpo, a Igreja, todos são encorajados a devolver para a tesouraria da denominação um dízimo fiel, a décima parte de seus lucros ou rendimentos pessoais”.2

A devolução sistemática e fiel do dízimo e de ofertas voluntárias permite que nos associemos a Cristo e cresçamos espiritualmente.

Colocando a Deus em primeiro lugar

O que a Bíblia nos ensina sobre o convite de Deus em relação ao dízimo? Ler Dt 16:17; Ml 3:10.

O convite para doar vem diretamente de Deus e é baseado no que Ele próprio já doou. Ninguém deveria ter que dizer “não tenho nada para dar”, porque Deus não está nos pedindo para sairmos em busca do que precisamos para, só então, devolver. Ele provê primeiro, depois pede que um décimo seja devolvido a Ele em gratidão por Sua generosidade, “segundo a bênção que o SENHOR houver concedido” (Dt 16:17). Se houver qualquer incerteza quanto ao resultado de primeiro separar a porção de Deus, Ele nos desafia a prová-Lo para ver se Ele será fiel em Sua promessa, abrindo “as janelas do céu [para] derramar sobre vocês bênção sem medida” (Ml 3:10). Por que não aceitar o desafio e ver o resultado?

Qual deve ser a nossa resposta diante da generosidade de Deus? Ler 2Co 9:6-8.

O ato de dizimar ajuda no nosso crescimento espiritual ao desencorajar o egoísmo. “Aquele que semeia pouco também colherá pouco; e o que semeia com fartura também colherá com fartura” (2Co 9:6). Nossa resposta à generosidade de Deus precisa ser uma demonstração da nossa confiança Nele, devolvendo voluntariamente um décimo da nossa renda. Nossa primeira tarefa ao receber nossa renda é pensar nos outros, separando em primeiro lugar aquilo que pertence a Deus.

Paulo nos lembra que “Deus pode tornar abundante em vocês toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, vocês sejam abundantes em toda boa obra” (v. 8). O objetivo de devolvermos fielmente o dízimo não é que fiquemos sem nada, pois devemos dar daquilo que já recebemos.

Como o dízimo é usado? Ler 1Co 9:13, 14; Nm 18:21.

Deus deu instruções específicas sobre o uso do dízimo. O foco principal é sustentar os ministros do evangelho, cuja função principal é envolver-se no ministério espiritual da Palavra e promovê-lo.3 “Ninguém se sinta na liberdade de reter o dízimo, para empregá-lo segundo seu próprio juízo. Não devem servir-se dele numa emergência, nem usá-lo segundo lhes pareça justo, mesmo no que possam considerar como obra do Senhor”.4 “O dízimo deve ser para os que trabalham na palavra e na doutrina, sejam eles homens ou mulheres”.5 “As pessoas escolhidas para essa obra precisam ser aprimorados estudantes da Bíblia; homens que tenham profunda experiência cristã; e seu ordenado deve ser pago do dízimo”.6

Qual é a diferença entre dízimo e oferta? Ler Pv 3:9; At 20:35; Ef 2:8, 9.

O dízimo é a parte de Deus dos nossos ganhos pessoais, enquanto as ofertas são nossa promessa a Deus de sustentar a igreja local. O dízimo equivale a 10% da nossa renda pessoal e deve primeiramente ser reservado para Deus, antes de todas as despesas domésticas (Pv 3:9). Nossas ofertas são a quantia que separamos como contribuição voluntária para o trabalho da igreja local e o trabalho missionário (At 20:35). Da mesma forma que devolvemos fielmente nosso dízimo, a nossa motivação no que diz respeito à quantia que damos como oferta também deve ser altruísta (Ef 2:8, 9).

“Deus tem feito depender a proclamação do evangelho do trabalho e dos donativos de Seu povo. As ofertas voluntárias e os dízimos constituem o meio de manutenção da obra do Senhor. Dos bens confiados aos homens, Deus reclama certa porção - o dízimo. A todos deixa Ele liberdade para decidirem se desejam ou não dar mais do que isto. Mas quando o coração é tocado pela influência do Espírito Santo, e é feito um voto de dar certa importância, aquele que fez o voto não tem mais nenhum direito sobre a porção consagrada”.7

Pode o dízimo ser utilizado para apoiar a igreja local?

Como membros, não devemos direcionar nossos dízimos para organizações e projetos de nossa preferência. Em vez disso, somos encorajados a trazer todo o dízimo para a casa do tesouro (Ml 3:10). Nesse sentido, o dízimo não deve ser apropriado para ajudar os necessitados, nem para custear mensalidades escolares, despesas gerais e de manutenção do prédio da igreja.8

“O dízimo não deve ser usado de nenhuma forma pela igreja local, mas mantidos em custódia e enviados à tesouraria da Associação. Assim, o dízimo de todas as igrejas flui para a tesouraria da Associação e percentuais são encaminhados para o nível organizacional seguinte, de acordo com os regulamentos da Associação Geral e da Divisão, para atender os gastos da condução da obra de Deus em suas respectivas esferas de responsabilidade e ação”.9

São as ofertas regulares, coletadas pela igreja local, que são reservadas para cobrir, especificamente, as despesas da igreja e suas obrigações. Assim, o dízimo e as ofertas voluntárias devem ser mantidos separados, mas são de igual importância para a promoção do evangelho.

O que devo fazer?

Ler 2Co 9:7, 8.

O dízimo faz parte da nossa adoração a Deus, sendo uma demonstração de nossa confiança Nele. Somos encorajados a dar, de coração, uma oferta voluntária na proporção das bênçãos que recebemos de Deus. Por Sua vez, Ele garantirá que tenhamos o que é suficiente para nossas necessidades (2Co 9:7, 8). “Que cada um examine regularmente sua renda, que é uma bênção de Deus, e separe o dízimo como um fundo separado, para ser sagradamente do Senhor. Este fundo não deve, em caso algum, ser destinado a qualquer outro uso; deve ser dedicado exclusivamente para apoiar o ministério do evangelho".10

Devo devolver o dízimo sobre a minha renda bruta ou líquida, isto é, depois dos descontos? Ver Pv 39; Ml 3:8-10.

Somos solicitados a devolver o dízimo sobre o nosso salário integral e outras rendas antes de qualquer dedução, inclusive do imposto sobre a renda.11 Os empregadores são obrigados a deduzir o imposto de renda do valor bruto pago a seus funcionários. Todas as despesas adicionais consideradas pagáveis a partir dos ganhos do funcionário são frequentemente calculadas sobre sua renda bruta. Em outras palavras, as primícias são descontadas antes que o pagamento líquido seja recebido.

Somos encorajados a colocar Deus em primeiro lugar em tudo o que fazemos, inclusive na forma como usamos nossa renda. “Não Lhe devemos consagrar o que resta de nossas rendas, depois que todas as nossas necessidades reais ou imaginárias tenham sido satisfeitas; mas antes de qualquer parte ser gasta devemos pôr de parte aquilo que Deus especificou como Seu”.12

Cada um de nós é chamado para “[Honrar] o SENHOR com os seus bens e com as primícias de toda a sua renda” (Pv 3:9). Devemos separar nossas primícias para Deus de forma regular e sistemática. Devemos reconhecer que trazer todo o dízimo significa toda a nossa renda pessoal bruta antes das deduções, e isso será o resultado de colocarmos a Deus em primeiro lugar.

Em uma família de quatro pessoas, sendo duas em idade escolar, somente um tem renda. Os dois adultos deveriam devolver o dízimo? Ler Pv 3:9, 10; 11:25; Ml 3:10.

O dever de doar da nossa renda pessoal vale também para a renda familiar. Segue-se, portanto, que o dízimo deve ser devolvido sobre o valor total recebido. “Quando é relatado o número de pessoas da igreja que devolvem o dízimo, o cônjuge e os filhos menores que não possuem rendimentos, mas são membros da igreja, devem ser contados nesse grupo, juntamente com o que tem renda na família”.13

Nunca é cedo demais para ensinar nossos filhos sobre os dízimos e as ofertas. Durante os períodos de férias e quando recebem presentes monetários de aniversário, as crianças podem ser incentivadas “a apresentar ofertas a Deus pelo dom do Seu Unigênito Filho”.14

Onde devo devolver o meu dízimo? Ler Ml 3:10.

O dízimo deve, em primeira instância, ser devolvido à igreja local. O tesoureiro local é obrigado a enviar todos os dízimos recolhidos a cada semana para a associação local.

“O dízimo é do Senhor e deve ser levado à ‘casa do tesouro’ (tesouraria da associação) através da igreja em que a pessoa é membro, como ato de adoração. Onde existirem circunstâncias incomuns, os membros da igreja devem consultar os oficiais de sua associação local”.¹5

Resumo

Este estudo bíblico mostrou que tudo o que temos vem de Deus. É o próprio Deus que nos pede que devolvamos 10% da nossa renda a Ele. Através da igreja local, o dízimo chega à associação para ser usado principalmente no sustento daqueles que ministram para nós. Deus primeiro nos dá. Só depois é que pede algo de nós. Ele também prometeu que, ao devolvermos fielmente nosso dízimo e dermos nossas ofertas voluntárias, Ele, por sua vez, nos abençoará abundantemente.

Você está pronto e disposto a colocar Deus em primeiro lugar, devolvendo fielmente o dízimo e as ofertas prometidas, como uma prova de sua confiança Nele e em gratidão pelo que Ele fez por você?

Para sua reflexão

1. Se você ainda não devolve regularmente o dízimo do Senhor, por que não aceita o desafio que Ele apresenta em Malaquias 3:10 por pelo menos três meses? Se depois de três meses você receber uma bênção de Deus, por que não fazer disso um hábito regular?

2. Se você já devolve regularmente o dízimo do Senhor, por que não dedicar algum tempo para refletir em oração sobre as muitas bênçãos que você já recebeu e considerar a possibilidade de aumentar suas ofertas voluntárias em agradecimento a Deus? ≤

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¹ Manual da Igreja (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015), p. 173.

² Manual da Igreja, p. 140, 141.

³ Working Policy of the General Conference of Seventh-day Adventists, 2021-2022 ed., p. 636.

⁴ Conselhos sobre Mordomia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 65.

⁵ Evangelismo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997), p. 492.

⁶ Ellen G. White, Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 431.

⁷ Atos dos Apóstolos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 42.

⁸ General Conference of Seventh-day Adventists, Highlights of the Tithing System (revised 1990), p. 16, 17.

⁹ Manual da Igreja, p. 141.

¹⁰ Conselhos sobre Mordomia p. 50.

¹¹ General Conference of Seventh-day Adventists, Tithing Principles and Guidelines, p. 23.

¹² Conselhos sobre Mordomia, p. 51

¹³ Manual da Igreja, p. 88.

¹⁴ O Lar Adventista (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 481.

¹⁵ General Conference of Seventh-day Adventists, Tithing Principles and Guidelines, p. 20.

    Maureen

    Maureen Rock é diretor do Departamento de Mordomia da Divisão Trans-Europeia da Igreja Adventista do Sétimo Dia.