Era uma vez um jovem. Ele era inteligente, no entanto,muito infeliz. Ele tinha nariz vermelho? Cabelo verde? Orelhas grandes? Olhos tortos? Ninguém sabe dizer. Nenhuma garota queria se casar com ele. Nenhum garoto queria ser amigo dele. Uma vez, ele apareceu para uma entrevista de emprego e teve o emprego negado. Isso é tão injusto, pensou o jovem ao sair, cabeça de baixa. Eu não escolhi ter esse rosto! Ele então se lembrou de uma canção de ninar que sua mãe costumava cantar quando ele era criança:

Distante no Oeste, Além da terra do trovão, Uma montanha toca as nuvens. Lá, a Terra se encontra O céu é estrelado. Dois homens sábios Por duas respostas... dizem-me o caminho! 

“Eu preciso encontrar esta montanha”, pensou ele. “Vou escalar e perguntar aos sábios por que nasci com uma cara tão feia!” Então ele foi para o oeste. Ele andou por um longo tempo.

Uma noite houve uma terrível tempestade. Trovões e relâmpagos atravessaram o céu. O jovem estava encharcado até os ossos. Ele viu uma fazenda solitária; e tomou coragem para bater na porta. Um velho abriu. Ele parecia triste, mas parecia não notar o rosto feio de seu convidado. Deixou-o entrar, ofereceu-lhe comida e o convidou a sentar-se junto à lareira - como faria com qualquer hóspede precioso. No entanto, na manhã seguinte, o velho perguntou:

“Perdoe-me se eu me intrometer, mas fiquei pensando: o que um jovem como você está fazendo em uma terra tão abandonada, longe da escola?”

“Estou procurando a montanha que toca o céu. Dizem que é possível encontrar a resposta para todas as perguntas e gostaria de saber por que sou tão feio.” O velho suspirou. “Todos temos nossa parcela de infortúnio. Eu tenho uma filha única, a quem amo mais que a minha vida. Mas a pobre criança é muda. Foi por isso que decidi viver longe da vila. Não quero que ela saiba que é diferente. Peço-lhe agora que, quando encontrar a montanha, pergunte por que minha filha não pode falar.

“Voltarei a você com a resposta”, prometeu o jovem e assim ele partiu da fazenda.

Agora, a estrada estava ficando mais estreita, a montanha se aproximava e as nuvens caíam. Logo, a montanha estava diante de seus olhos, e o jovem começou a escalar as rochas escuras e escarpadas. Nem um único pássaro estava à vista, exceto uma águia voando de vez em quando.

Então o jovem parou em um riacho profundo, rápido e turbulento, que ele não podia atravessar nem nadar. Não havia pontes ou troncos de árvores ao redor. De repente, ele viu uma ovelha parada perto de uma casca de arvore velha, mas ninguém estava à vista. A ovelha parecia doente.

“Você deve ser a primeira criatura viva que vi desde que estou aqui em cima! - ele ouviu alguém dizer. O jovem se encolheu quando ouviu a voz estranha. Ele olhou em volta e viu que havia uma velha sentada ao lado de um arbusto. “O que você está procurando nesta montanha deserta?” “Eu preciso chegar ao topo para fazer uma pergunta”, o jovem respondeu.

“Você poderia fazer uma pergunta para mim também?” A mulher implorou.

“Claro!” Disse o rapaz.

“Entre no meu barco, então! Eu sou uma mulher idosa e sem filhos. Eu tenho apenas esta ovelha, que criei como um filho desde o dia de seu nascimento. Mas ela não come nada há uma semana, e isso está me deixando triste. Ela é minha única companheira. Não posso me dar ao luxo de perdê-la. Você pode perguntar o que está acontecendo com minha ovelha ao chegar ao topo da montanha, por favor?

“Certamente farei isso”, prometeu o jovem enquanto saltava do barco para o outro lado do riacho.

Finalmente, chegou ao topo da montanha. Dois homens velhos o receberam com um sorriso.

“Vejo que você percorreu um longo caminho, sua pergunta deve ser muito importante”, disse um deles. “Vamos permitir duas perguntas.”

O jovem curvou-se respeitosamente diante dos dois.

Ele pensou: Se aquela senhora não tivesse me ajudado, eu nunca teria chegado aqui! Então, ele fez a pergunta: “Por que a ovelha da senhora que mora próximo ao riacho está doente?”

“Porque a ovelha engoliu uma esmeralda semana passada. A pedra o está deixando doente”, respondeu um dos homens sábios. “Leve essa erva para ela; ela vai comer e cuspir a pedra preciosa.

O jovem inclinou-se em gratidão ao sábio. Ele estava prestes a fazer sua própria pergunta quando se lembrou do velho triste que havia lhe proporcionado abrigo na tempestade. Ele foi a primeira pessoa a tratá-lo com justiça, sem zombar dele. O homem tinha uma filha muda, que não conseguia rir, não sabia cantar. Isso não era pior do que ter uma cara eia? Ele pensou.

“A filha do velho”, ele perguntou. “Por que ela não pode falar?” “Porque o homem dos seus sonhos é um homem honesto e bom, mas ela ainda não o conheceu - respondeu o outro homem sábio. 

E os dois homens desapareceram em uma névoa pesada.

Lentamente, o jovem desceu a montanha. Próximo ao riacho o esperava a senhora.

“Sua ovelha engoliu uma pedra preciosa, e isso a está machucando.

Dê a ela essa erva para comer.

A ovelha comeu a erva e cuspiu a esmeralda. Agora, ela estava melhor. A mulher ofereceu ao jovem a esmeralda: “Guarde como lembrança minha. Isso lhe trará boa sorte!” O jovem atravessou a floresta, desceu a montanha e, ao cair da noite, viu-se no portão da fazenda do velho. Lá, no quintal, uma jovem garota em um lindo vestido de seda espalhava grãos para as galinhas.

Ele olhou para ela. Ela parece tão triste! Ele pensou.

Mas ele imaginou como o pai dela ficaria feliz em saber que sua filha falaria novamente e se casaria com um homem culto. De repente, ele esqueceu sua própria tristeza, pois não tinha sido capaz de fazer sua própria pergunta. Apressadamente, ele bateu no portão.“Bem-vindo meu amigo. Nós estávamos esperando você.”

Disse a garota.

Que surpresa! A garota tinha pronunciado suas primeiras palavras. Sua voz soou como o tilintar de sinos de prata. O jovem ficou surpreso. O pai pulou e dançou quando ouviu a voz de sua filha. Ele decidiu que ela se casaria com o jovem. Olhando nos olhos amorosos de sua jovem esposa, o jovem percebeu que não era tão feio, afinal. Seu rosto se iluminou de alegria e seu sorriso o fez brilhar. Logo, todos o consideravam um homem charmoso. Mas nada havia mudado: ele tinha o mesmo nariz, o mesmo cabelo ...

“Quando você cuida dos outros e os ajuda, também aprende a se amar por quem você é”, concluiu o jovem.

Compartilhada por Esther Ah Kiune, diretora do Ministério da Mulher, Associação de La Reunion, La Reunion. Esta história é uma versão revisada do conto de Beatrice Tanaka, “A montanha e as três perguntas”.