Quando tentados promover a igreja de formas mais apropriadas para empresas comerciais, sou normalmente lembrado que, enquanto a igreja pode e deve ser administrada com base em princípios de negócios sólidos, a responsabilidade principal dos líderes é cuidar dos crentes que Deus lhes confiou. São almas preciosas, não por causa de um rótulo organizacional ou uma definição própria exaltada, mas porque foram compradas com o sangue precioso de Jesus. Neste artigo, partilharemos resumidamente  quatro princípios de “pastoreamento” que, quando adotados pelos líderes da igreja, podem dar origem a uma igreja mais comprometida e generosa.

 Cuidado e Amor pelos Membros

 Podemos sentir a ternura nas palavras de Jesus em João 10:27: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (ARA). Na sua essência, o pastoreamento Cristão está ligado à forma como os líderes se relacionam com os membros. Não é algo doutrinário ou transacional; é relacional. Se os membros forem vistos apenas como fonte de recursos que podem ser usados para os projetos concebidos pelos líderes, estes irão tornar-se resistentes aos apelos da liderança. A experiência tem ensinado que um perigo sempre presente para os pastores, evangelistas e líderes de igrejas locais é a tentação de agirem mais como vendedores sem escrúpulos do que pastores no seu “serviço” à igreja. Existem muitos vendedores capazes que trabalham com ética, mas há também outros que irão usar qualquer estratégia, incluindo a vergonha, medo, culpa e promessas falsas e enganosas para fazerem com que as pessoas adquiram os seus produtos ou serviços.

Cristo chama os líderes da igreja a amarem os seus membros em todas as circunstâncias. Na superfície, isto parece banal, mas é verdade. Os membros podem tolerar um pregador comum ou até um que não seja muito bom, mas irão raramente aceitar um líder que não se importe realmente com eles. O cuidado genuíno de um líder espiritual pelo seu rebanho é fundamental para o sentido de pertença, valor e conexão dos membros. Cuidar significa que os líderes estão com os seus membros nos seus eventos de celebração e felicidade, assim como na adversidade. Cuidar exige tempo, mas é isto que fazem os bons pastores e bons líderes. Foi isto que Jesus fez. “Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe” (Marcos 8:2, 3, ARA).

 Programas Missionários

 A boa música, edifícios bonitos e pregações inspiradoras são todos desejáveis, mas não são o motivo da existência da igreja. Supõe-se que William Temple, Arcebispo da Cantuária entre 1942–1944, tenha dito, “A igreja é a única instituição que existe principalmente para benefício daqueles que não são seus membros.” Esta declaração, ou variações da mesma, parecem exasperar alguns membros da igreja, particularmente aqueles que consideram a igreja como um local onde podem saciar as suas fantasias religiosas ou socializar com membros semelhantes. Certo sábado, ao visitar uma pequena igreja na Associação do Sul da Inglaterra, passei a tarde a falar com os seus membros sobre a necessidade de alcançarem a comunidade e partilharem o evangelho de formas práticas e empolgantes. Quando terminei a minha apresentação, fiquei chocado com a sua reação. Em resumo, disseram, “Estamos felizes assim; conhecemos todos aqui e estamos à vontade uns com os outros. Não saberíamos como nos relacionarmos com novas pessoas na igreja.” O meu coração ficou apertado, mas pelo menos foram honestos.

A paixão pela missão da igreja e o envolvimento ativo com a comunidade têm, em si, um forte apelo aos membros. Na minha igreja atual, os membros normalmente ficam empolgados para apoiarem qualquer trabalho missionário na comunidade com o seu tempo, energia e meios. A realização de programas missionários a todos os níveis da igreja é fundamental para os membros doarem, não somente fiel e generosamente, mas também com sacrifício.

 Transparência e Responsabilidade

 Há uma Associação de Proprietários Residenciais onde eu moro. Eu tenho que pagar uma taxa mensal de $60.00 à associação. Isto é usado para manutenção de áreas comuns, como a piscina, campo de tênis e outras áreas partilhadas. No fim de cada ano, recebo um extrato detalhado da associação a indicar como foi gasto cada dólar recebido durante o ano. Embora eu raramente analise este documento em detalhe, sinto-me valorizado pela associação quando o recebo. Os seus oficiais consideram-me uma parte interessada.

Os membros da igreja também são partes interessadas. Em minha igreja local, os membros não estão satisfeitos com a ideia de que o seu dever é devolver os dízimos e dar ofertas à igreja, não devendo preocupar-se com a forma como são usados. Eu estremeço cada vez que ouço os líderes da igreja expressarem esta ideia. Quando servi como presidente da Associação do Sul da Inglaterra nos anos 90, com Victor Pilmoor como tesoureiro, iniciámos uma campanha de transparência com os nossos membros, acerca da forma como os fundos da associação estavam a ser usados. Isto incluía a publicação frequente das demonstrações contábeis na circular da associação. Algo extraordinário sucedeu  na primeira reunião de membros realizada durante este período de abertura. Depois do tesoureiro apresentar o seu relatório e o presidente dar a palavra aos participantes para fazerem perguntas, nenhuma pessoa de entre centenas de delegados presentes se dirigiu ao microfone para fazer uma pergunta sobre as finanças. O tema das finanças é dos que mais atrai perguntas em reuniões, mas os delegados conheciam quase tanto das finanças da associação como os seus oficiais, não havendo assim necessidade de perguntas. O bom desempenho financeiro da Associação do Sul da Inglaterra, o qual continua até os dias de hoje, está muito relacionado com a ênfase colocada na transparência e responsabilidade.

 Promoção do Ato de Ofertar como Parceria com Deus

Ao crescer na Jamaica e mais tarde morar no Reino Unido, vi muitas vezes letreiros em empresas que sugeriam uma parceria entre os pais e filhos: Hanna and Sons, Ltd.; W. Stephens & Sons. João diz, “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creram no Seu nome” (João 1:12, ARA). Como Seus filhos e filhas, Deus convida-nos a nos associarmos a Ele no Seu negócio principal, o de salvar a família humana das consequências eternas do pecado. Quando Ele convida os Seus filhos a devolverem os dízimos e apoiarem os ministérios da igreja com as suas ofertas, Ele está a oferecer-lhes uma oportunidade de se envolverem no empreendimento mais importante e abrangente que existe. É dever do líder ajudar os membros a ficarem empolgados com esta parceria. Que honra ter sido convidado por Deus a ser Seu parceiro na salvação!

“Deus planejou o sistema de beneficência, a fim de que o homem se pudesse tornar como seu

Criador: de índole benevolente e abnegada, e ser finalmente coparticipante de Cristo, da eterna, gloriosa recompensa” (Ellen G. White, Conselhos sobre Mordomia, p. 8).

 Conclusão

A fidelidade e generosidade em uma congregação não são o resultado de apelos constantes do púlpito para os membros darem mais ou mais consistentemente. São o resultado de mostrar aos membros o rosto de Deus através do cuidado e da compaixão, mantendo a missão da igreja no centro dos planos e programas da igreja, tratando cada membro como parte interessada e enfatizando a parceria divina-humana no “negócio da salvação.”

 

Don McFarlane

Originalmente da Jamaica, Don McFarlane trabalhou como pastor, diretor departamental e administrador da igreja na União Britânica e Divisão Transeuropeia por 33 anos. Durante os últimos sete anos tem sido pastor de administração e ministérios adultos da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Sligo, Maryland.

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